Comerciais
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Os comerciais da Bombril sempre bem humorados e com uma linguagem direta com o consumidor agradaram ao longo dos anos não só o público consumidor direto, mas as crianças também, público esse que possui um grande poder de persuasão junto aos pais. Em pesquisa de 1987, encomendada para avaliar a imagem da empresa, há comentários de mulheres que confirmam essa estratégia: "Meu filho chama: Mãe, tá passando o do Bombril", o que prova que muita gente cresceu assistindo e se divertindo com os estereótipos do Garoto Bombril e com o seu jeito coloquial de se dirigir ao público. O Garoto Bombril surgiu em 1978, criado pelos publicitários Washington Olivetto e Francesc Petit, na DPZ, para uma campanha que visava divulgar para a dona de casa os novos produtos fabricados pela Bombril. Percebendo que a consumidora não gostava desse tipo de comercial, a dupla criou uma campanha que brincava com o fato. Introduziu um personagem bem humano, um químico da própria empresa, tímido e desajeitado, constrangido por estar na televisão, encarregado de falar à dona de casa sobre os novos produtos, que ele ajudara a fabricar. Muito educado, ele não atacava os concorrentes, mas deixava claro que o produto dele tinha sempre algo diferente. Carlos Moreno foi escolhido por Oscar Caporalli, sócio de Andrés Bukowinski na produtora de comerciais ABA Produções, entre 40 concorrentes. O talento do ator Carlos Moreno sustenta a empatia do personagem há 20 anos, com sua imagem perfeitamente adequada ao vídeo, suscitando sentimentos positivos: confiança, afinidade, afeto, alegria. Desperta também a simpatia pelo mais fraco, característica da personalidade do brasileiro. Os comerciais com o garoto Bombril resistiram a todos os modismos, mudanças tecnológicas e de linguagem, tanto da televisão como da publicidade. O sucessos dos comercias sobreviveram a choques econômicos do país, mudança nos padrões sociais de comportamento, houve uma liberalização dos costumes que se refletiu na indústria cultural. modernização técnica da televisão, a extinção da dona de casa tradicional, estereótipo que era a principal referência da maioria dos comerciais no horário nobre, as varias mudanças de mãos da Bombril S/A, que em 1995 dividiu a publicidade da empresa entre a agência ST Publicidade e a W/Brasil, e por fim, naturalmente, o ator deixou de ser jovem Na criação dos comerciais coube de tudo, a ousadia de quebrar padrões de comportamento masculino no universo televisivo, de mostrar explicitamente os produtos concorrentes, de utilizar capítulos e ganchos, elementos da teledramaturgia. E há ainda o ineditismo das "visitas" de outros personagens de comerciais de agrado popular, numa alegoria ao imaginário da publicidade televisiva. Os comercias sempre tiveram uma qualidade inquestionável, comprovado com vários prêmios em concursos nacionais e internacionais, destacando-se quatro Leões no Festival de SAWA/Cannes, sendo um de ouro (1981) e dois de bronze (1978 e 1986); e quatro prêmios GIobo/Profissionais do Ano (1979,1988, 1989 e 1991), sendo dois na categoria Campanha Nacional. Algumas campanhas tiveram lançamento em rede nacional, durante intervalo da telenovela das 20 horas, programa de maior audiência, onde eram apresentados todos os novos filmes da série. A partir daí, a estratégia de mídia os veiculava numa espécie de rodízio, para não cansar. Os mais de 200 comerciais da linha Bombril seguem sempre o mesmo padrão, cenário simples, Garoto Bombril e o produto, apoiados num maravilhoso texto de Washington Olivetto, com uma linguagem olho no olho, sem cortes, enfatizando a inferioridade do garoto propaganda e a superioridade da logomarca ao fundo. |